Perdoem a excessiva frivolidade e a excessiva superficialidade, pois eles não enxergam nada além de si mesmos, ainda que digam “eu te amo” com certa cerimônia.
Perdoem se eles não olham para o outro, pois não conseguem tirar os olhos de seus celulares – tão ou mais importante do que acontece ao redor deles, é o que acontece longe dali, via “whatsapp”.
Perdoem se eles não conhecem a música, se não viram o filme, se não leram o livro, se não sabem do que se trata, nem se interessam por saber. O mundinho em que se enquadram basta-lhes por enquanto, mesmo porque não têm interesse algum em conhecer além do pouco que sabem.
Perdoem a falta de educação estampada no vocabulário pobre e por vezes chulo – eles não têm recursos de expressão além de meia dúzia de palavras repetidas com as quais julgam estar comunicando alguma coisa.
Perdoem a maturidade que nunca chega. A adolescência que insiste em ficar, a falta de responsabilidade e de seriedade quando a vida assim o exige. Querem ter infinitos 20 anos…
Perdoem, por fim, a mentira que contam para si mesmos quando dizem que querem alguém para amar e para serem amados; que querem namorar, que querem um “cara especial”, que gostariam de encontrar “alguém que valesse a pena”. Mentem porque não querem nada disso, na verdade – apenas encontram um motivo a mais para justificar a vida vazia que levam desde há muito tempo.
Quando foi que os dias ficaram assim?
E quando conhecerem alguém realmente bacana e honesto, alguém a fim de um relacionamento em que as concessões serão necessárias…
E quando souberem de um rapaz com capacidade para ouvir o outro sobre seus temores, medos e necessidades, sem que o discurso seja interrompido com olhares distantes…
E quando encontrarem um homem que não fuja ao primeiro sinal de problemas, que permaneça, que se mostre forte para que o outro se sinta forte também…
E quando virem alguém que traga poesia no olhar e bondade nas mãos…
E quando transarem com alguém cujo orgasmo seja tão importante quanto o do parceiro…
E quando puderem abraçar a alma de alguém, além do corpo, além dos músculos, além dos bíceps desenvolvidos…
E quando puderem dizer que se entregaram a alguém porque têm certeza de que descobriram o amor…
Digam o gosto pra mim.